Não deixou nada

A moça que eu tô amando
Pergunta como estamos e eu,
Tolo, fico despido, mostro tudo.
Ela rouba meus medos e
Não deixa nada no lugar.

Quando eu penso que tá tudo no lugar,
Ela se afasta como a
Brisa de uma sombra passageira
De uma nuvem.

Me vejo nos braços de outra mulher que
Me beija, elogia.
Me diz que me quer e me pega.
Me deixa jogado na cama, gozado.

Tem uma mensagem sua me querendo
Depois do pôr do sol, eu sei, a solidão bate.
Queremos o calor de novo.
Mas onde você esteve?

E o cigarro agora acaba,
Tomo um remédio pra dor de cabeça.
Minha cama me abraça.
To gozado.
E meu amor não esteve aqui.

Amor gostoso

Meu bem, estou te namorando
Mas não sei como te falar.
Sinto um calor falando de você
Já te conhecem tão bem por aí.

Quero te trazer pra perto.
Te mostrar as águas lá de longe
Onde eu tomei banho pra me curar.

Quero te ver na rua de novo.
Pra te abraçar e parar um segundo
E sentir teu cheiro gostoso.

E quando você for embora
Leva um pedaço de mim com você.
Que é pra eu saber que você volta.

E quando voltar, vem cá de novo,
Vamos rir de coisas bobas,
Pra eu ter coragem de te contar
Do meu namoro por você.

Amar é proibido

Tem um pouco de tristeza
Nos meus encontros com você
Uma esperança de que o tempo
Dure um pouco além
Do fim das suas costas quando
Minha mão te percorre

Quando o carnaval chegar
Preciso parar e te contar
Como é lindo seu rosto
Pintado com purpurina
Que o sol resolveu te dar

Não espera o inverno
Pra querer o carinho de novo
Meu amor te deixa correr
Pra você vir correndo
Quando amanhecer.

Cadê você

Cadê o amor que eu vi

De baixo do guarda chuva

No fim da tarde

Na minha rua.

Cadê o beijo que eu sentia

Que passava o dia

Sem perceber que era

Um sonho bom

Quando acordava só.

Cadê a pessoa do metrô

Do olho no olho no reflexo

Movimentado do vidro

E dos passos rápidos

Da porta se abrindo.

Cade você que sou eu

Fugindo de quem eu sou

Procurando algo por aí.

Esperança

Agradeço a cada riso
Estampado no rosto.
E o amor de verdade
Que não existe desgosto.
O bom dia sincero
Do ônibus lotado.
A madrugada fria
De quem vive acordado.
A mão dura da tia
Da limpeza diária.
E o calo no dedo
Do seu filho educado.
A saudade gostosa
Do momento vivido.
E a esperança porosa
Do que ainda será vencido.

 

Desconfiança

A menina que não
Era legal
Porque
Era legal demais.

A paixão que não
Era intensa
Porque
Era intensa demais.

O carinho que não
Saia das mãos
Porque
Era carinho demais.

A vida que não
Foi vivida
Porque
Era dura demais.

Era morte demais
Porque
Não viveu
A vida que desconfiou.